Chamada para Publicação
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REVISTA CERRADOS vol. 28, no 51, ano 2019
Chamada para Publicação
Editor Chefe: Prof. Dr. André LuÃs Gomes
A Editoria da Revista Cerrados, Qualis B1, do Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de BrasÃlia (UnB), abre chamada para artigos do Volume 28, Número 51, de 2019, com dossiê dedicado à s relações entre literatura e artes e a polÃtica. Serão aceitas contribuições em português e em francês.
Data limite para envio de artigos: 30 DE AGOSTO DE 2019
Dossiê:
Artistas e criadores, entre muros e exÃlios: trinta anos de solidão [1989-2019]
Sessão livre: Literatura e artes
Organizadores deste número (51):
Junia Barreto (Universidade de BrasÃlia – UnB)
Leila de Aguiar Costa (Universidade Federal de São Paulo – Unifesp)
Antoine de Baecque (École Normale Supérieure – ENS Paris)
Gérard Wormser (Université de Rouen, Revista Sens public)
Artistas e criadores, entre muros e exÃlios: trinta anos de solidão [1989-2019]
Evento polÃtico maior, a queda do muro de Berlim em 1989, seguida da unificação da Europa, dividida entre socialista e capitalista, anunciavam para o mundo, novos ares de liberdade, de mobilidade e de criação. Entretanto, segundo a constatação de Paul Valéry por ocasião da Grande Guerra, em 1919 (La Crise de l’Esprit), “nós outros, civilizações, sabemos agora que somos mortaisâ€. Então, nos vindos tempos da internet, sem nos servir da memória disponÃvel em rede e ignorando o passado, impetramos novas guerras, inventamos os atentados terroristas, reeditamos as mais hediondas intolerâncias e imaginamos novos muros segregacionistas em plena era de globalização. Entre os conflitos e o desmantelamento da Iugoslávia, a guerra no Iraque ou os massacres em Ruanda, os atentados de 11 de setembro de 2001, que culminaram com a destruição das torres gêmeas em Nova Iorque e a morte de milhares de pessoas, firmaram um grande divisor de águas, a partir do qual o homem se experimenta, apesar da esfera pública da web, num voo solitário, temÃvel e excessivamente individualista, isolando-se, apesar dos grupos de encontro e da exposição desmedida das
redes sociais. Choque de liberdades.
No campo das artes e da literatura, o capitalismo fomentou suas marcas nos mais diferentes domÃnios e grifes de champagne e de bolsas de luxo tornaram-se os grandes financiadores de galerias e museus. A cultura, ao se tornar fator essencialmente econômico e alvo de todo tipo de isenções fiscais, fomentou o custeio do cinema e da dança (entre outros) pelas companhias petrolÃferas, bancos e empresas de todo tipo. A literatura aproximou-se do marketing em suapolÃtica de edição e relação com autores. De forma geral, assistimos a arte se servir e girar em torno de decisores econômicos. Da irreverência da Pop art dos anos 50-60, passamos à arte de Jeff Koons, atravessada pela publicidade. Da experimentação dos surrealistas, constatamos o enrijecimento dos modelos e a presença do academicismo. A arte narcÃsica vai ao encontro da folia das ‘selfies’ e da exposição de si nas redes sociais. Tal cultura narcÃsica parece incapaz de pensar o contemporâneo. O reino das ‘selfies’ revelaria, assim, a redução do mundo à sua menor expressão? Mas os contrastes são a marca dos artistas da atualidade. De um lado, a vivência em uma era de livre e fácil acesso, momento de empowerment dos sujeitos; de outro, a experiência de destituição, da expropriação, das margens expulsas do centro afetando multidões. A experiência da marginalidade e da periferia simbolizaria um fato atual de sociedade, na qual é impossÃvel pensar sob um modo unitário? Aqueles que cultivam a nostalgia de uma tal unidade se transformariam então em integristas sectários e em advogados do poder autoritário, de Daesh a Bolsonaro. Em 1989, o escritor Salman Rushdie foi condenado à morte por um regime integrista. Impedido de residir em seu próprio paÃs, decide, como Victor Hugo, nos meados do século XIX, por seu próprio exÃlio. Estariam as aventuras culturais sensÃveis da atualidade condenadas a falar desse desconforto, desse exÃlio, dessa impotência, como o fotógrafo Sebastião Salgado, o escultor Ai Weiwei, os escritores Michel Houellebecq e Atiq Rahimi, os tantos autores de quadrinhos em torno do fenômeno da imigração ou mesmo o resistente cineasta Jean-Luc Godard? Este número da revista Cerrados propõe então refletir sobre os elos possÃveis entre a literatura e as artes plásticas, fÃlmicas, dramáticas, visuais em todo gênero e os grandes acontecimentos polÃticos dos últimos 30 anos, face ao enrijecimento global das mentalidades e das instituições. Questionamos ainda como o advento da era digital e a constatação da globalização da vida, dos hábitos e das experiências humanas têm provocado forte impacto no campo artÃstico e literário – a obra dentro de uma economia substancialmente visual, assim como seus atores e agentes.
Para toda submissão de artigos é necessário se registrar no site da revista http://periodicos.unb.br/index.php/cerrados/about/submissions e dispor de um identificador pessoal de pesquisador ORCID https://orcid.org/ . Ao menos um dos autores da contribuição enviada deverá ter a titulação de doutor. As normas de publicação estão disponÃveis na rubrica ‘submissões’.
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